Vivendo em uma cidade maiúscula com as manias de uma terrinha minúscula

Desde que me mudei pra São Paulo já fazem uns três anos que ando tentando me acostumar com a diferença gritante das pessoas que são do interior e das que nascem na famosa “cidade grande”. Desde que eu cheguei eu tento entender porque o coração dos paulistanos são tão frios sendo que moram em uma metrópole tão bonita.

Sim, são frios. Quem manda na minha opinião sou eu, não é? Então.

Eu posso estar enganada, mas tudo é tão diferente. Ninguém olha pra ninguém. Custa dar um sorriso? Ninguém fala bom dia pra faxineira, pro porteiro do prédio. Me diz aí, tu é de ouro por acaso? Ninguém é de ninguém, isso deveria ser tão bom, mas não é.

Cresci acostumada a ter olhares amigos ao meu redor, ajudar quem precisa de uma mãozinha, vivi colada nas minhas amigas e agora  minhas novas amizades estão espalhadas por aí, norte, sul, leste e oeste…nunca essa distância me pareceu tão distante como agora.

Mas é a vida, não é isso que dizem? Você muda, as coisas mudam. E foi bem assim, mudei do meu interiorzinho pra uma cidade grande e tudo foi embora, junto com os 600KM que me separam das pessoas que eu mais amo no mundo.

Por mais que eu enfrente diariamente um vazio furioso dentro dos metrôs lotados e ônibus quentes e cheios, eu não trocaria São Paulo por nada.

São Paulo é vida pulsante. É arte na rua. É chuva em cima do sol. É cultura em cada esquina. Você só precisa conseguir parar pra ver. Sabe? Desacelerar o passo. Vai praticando que você consegue.

Eu tenho muito o que reclamar, mas tenho o dobro pra agradecer à essa cidade linda que se esconde debaixo desses prédios gelados e cinzentos.

Depois de quase 4 anos morando entre os paulistanos nativos, eu comecei a entendê-los, essa pressa que eles têm em chegar em casa é a mesma que move seus sonhos e expectativas. Eu entendo, também tô andando atrás dos meus objetivos e eu também entendo que parece que correr vai ajudar a chegar aonde você quer muito mais rápido. Pena que o máximo que vai conseguir é entrar na sua casa 10min mais cedo, se a lotação do transporte público e o congestionamento deixarem.

Eu sei que nunca vou conseguir parar de procurar rostos amigos na multidão, não vou desistir também de desacelerar meus passos no caminho de volta pra casa e tentarei todos os dias oferecer um sorriso pra quem eu vejo na rua. Às vezes tudo que alguém precisa saber é que ela existe, não é? Porque bom, eu pelo menos esqueço que existo de vez em quando.

São Paulo é enorme, minha cidade é um ninho tentando crescer. Mas o coração da minha terra é maiúsculo, enquanto o amor dessa metrópole, bem minúsculo, tenta florescer.

Te amo Sampa. Vim com um coração bem grande pra te dar todo o amor que eu puder. 🙂

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